domingo, julho 29, 2007

Perdida

Perdida, nas ruínas de um pensamento envelhecido graças a este mundo, imoderadamente, de mentes empobrecido. Perdida, nas ruínas do teu corpo tão violentamente enegrecido pelo fumo viciante do cigarro entardecido. Perdida, nas páginas arruinadas de um livro há muito esquecido que já não mais faz sentido.
Perdida, num ballet encantadamente destroçado, perdido dentro de um coração mal-amado, encontrado e mais uma vez interpretado somente por mim.


Perdida, nos recônditos de minha alma bailarina. Perdida, não encontrada. Apenas encontrei aquilo que outrora mais amei.

For The Glory - Somethings Won't Last Forever

quinta-feira, julho 12, 2007

Se um dia puder...

Se um dia puder, mato-te, da pior maneira
será doce,

nem te lembrarás de quem és
nem te lembrarás da negridão dentro de ti

nem te lembrarás de lembrar que foste esquecido
e serás esquecido,

como qualquer corpo ambulante,
como uma ideia sem sentido

que nunca prevalecerá em lado algum.
Se um dia puder, mato-te, da melhor maneira

morte amarga,
nem te lembrarás de quem te matou

nem te lembrarás da sombra que teu ser tapou
nem te lembrarás das coisas mais doces (se alguma vez as tiveste)
nem te lembrarás.
Se um dia puder, mato-te, simplesmente mato-te.

Devil In Me - Only God

quinta-feira, maio 31, 2007

Tatuagem

Tatuagem,
gravada em mim.
Miragem,
que me fala de ti.

Fruto
de ti
que cresce em mim
Num ontem censurado,
por um hoje apaixonado.

(retirado do Wonders Mirror)

[Enquanto a sede cega...]

Enquanto a sede cega
Suga ferozmente a saudade
E de si se alimenta...
Jaz o fruto
Ou somente o beijo perdido,
Novamente encontrado,
No ciclo vicioso do tempo escorregadio
Onde rodopiamos como crianças dementes.


The Dresden Dolls - The Perfect Fit

(retirado do Wonders Mirror)

Lágrimas Negras

Este espelho chora por mim…

Sobre o signo desta noite quente, espalham-se dolorosos gritos mudos que, se prendem nestas paredes assombrosamente brancas e sem sentido algum. Procuro-me no espelho pálido e enviusado, mas os meus olhos não me encontraram, somente um vulto negro vi e não vi aquilo que sou. Um vulto que me asfixia e me esconde encontra-se preso por dentro daquele espelho nefasto. Este vulto carniceiro, do qual anseio desprender-me, persegue-me fielmente, tento nega-lo e despir-me dele, mas nessa negação apenas encontro o meu desespero, a minha angústia, a minha destruição... O tempo passou e o maldito vulto ficou, cada vez mais enrugado, envelhecendo a cada segundo que passa. E nele deposito todo o meu ódio, a minha loucura de ser o que não sou...

Vejo as lágrimas cansadas a percorrerem cada enseada deste meu vulto, mas nada contra elas faço, imóvel contínuo, observando a minha perdição.

(retirado do Wonders Mirror)

Sonâmbula

Suavemente, arrastada pelo sonho de uma felicidade imaginária, deixo que o passado me envolva nos braços da sedutora melancolia de uma noite aparentemente perfeita. Inocentemente, deixo que o envelhecido tempo me sufoque, que me encha a alma de lágrimas salgadas, nostálgicas e ansiosas de voltar atrás, só para sentir aquela alegria pura de uma criança agarrada ao seu brinquedo predilecto. Desesperada e inutilmente, agarro-me à primeira memória que me aparece à frente... Sem sentido, abraço-a de uma maneira inimaginável, deixando que ela me consuma e me arraste para bem longe da realidade sonâmbula de um hoje perdido por areias movediças.

(retirado do Wonders Mirror)

sábado, janeiro 06, 2007

Loucura

Primeiro que as palavras começem a sair, primeiro que os gestos começem a fluir, entre a madrugada caiada de novo surge, mascarado, um poço negro. Não o esperava, ninguém o esperou... Maldita lingua que quando deve não se quer soltar. Maldito preconceito e medo de falhar. Até que as palavras começam a sair, os gestos comandados por um coração desesperado pareçem não resistir. O ofegante respirar, as mãos trémulas, o insaciavel desejo de beijar, de sentir e um coração que só pede para mais uma vez no vento inquieto de teu corpo entardecido cair. Enlouquecida, enlouquecidos corações que tanto esperaram, que tanto sofreram, que tanto choraram... Loucura adormecida, paixão desensofrida, amor. Que mais se pode dizer?

sábado, setembro 16, 2006

Voo...

Voo,
para sempre,
nesta miragem horizontal
que prendeu meus olhos a um nada
aparentemente presente no mundo real...

Dead Combo - O menino, o vento e o mar

sexta-feira, julho 14, 2006

Inquietação

Que espécie de inquietação é esta?...











Melancolia que ecoa no chão da minha mente,
É o passado a mutilar o presente.

Nine Inch Nails - Love Is Not Enough

sexta-feira, junho 30, 2006

Suspensa

Num sonho...
Pairando pelo ar...
Caminhando pelos teus rios de loucura,
Presos àquele céu de amargura,
Àquele céu de fim de tarde
que jamais amargo voltará a ser!

Feliz,
Sem palavras fico encantada...
Pelo teu sorriso timidamente apaixonada...
Pelo teu olhar [obsessivamente] apaixonada.

Opeth - Windowpane