quinta-feira, maio 31, 2007

Lágrimas Negras

Este espelho chora por mim…

Sobre o signo desta noite quente, espalham-se dolorosos gritos mudos que, se prendem nestas paredes assombrosamente brancas e sem sentido algum. Procuro-me no espelho pálido e enviusado, mas os meus olhos não me encontraram, somente um vulto negro vi e não vi aquilo que sou. Um vulto que me asfixia e me esconde encontra-se preso por dentro daquele espelho nefasto. Este vulto carniceiro, do qual anseio desprender-me, persegue-me fielmente, tento nega-lo e despir-me dele, mas nessa negação apenas encontro o meu desespero, a minha angústia, a minha destruição... O tempo passou e o maldito vulto ficou, cada vez mais enrugado, envelhecendo a cada segundo que passa. E nele deposito todo o meu ódio, a minha loucura de ser o que não sou...

Vejo as lágrimas cansadas a percorrerem cada enseada deste meu vulto, mas nada contra elas faço, imóvel contínuo, observando a minha perdição.

(retirado do Wonders Mirror)

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